quinta-feira, 1 de março de 2012

A bela arte de não fazer nenhum...

Quem nunca passou pela situação de estar em casa a fazer nenhum e pensar com o cérebro todo para inventar o que fazer, que me atire com a primeira pedra...

É verdade, na terça-feira acabou-se o meu estágio de sete meses e agora estou em casa a fazer nenhum... Nenhum é como quem diz, estou lentamente a arrumar as minha coisinhas para voltar ao doce lar das Beiras, passo roupa, faço outras merdas domésticas, mas não é a mesma coisa...

Até que me habitue a não ter o despertador a tocar àquela X hora, que não tenho de sair de casa com aquele X tempo de antecedência por causa do trânsito e àquela rotina deliciosa em que até às 16/17h estou com a minha cabeça ocupada a produzir... Bem, isto vai levar tempo...

Como ainda estou em Lisboa até Domingo, estes dois dias que ainda me restam vão ser aflitivos, eu realmente preciso de fazer alguma coisa de útil para a humanidade... Não consigo estar parada, é contra a minha natureza...

No entanto, mesmo sem ser nada de produtivo, tenho andado a organizar ficheiros no computador... Isto anda um pouco desorganizadito... E fiquei a saber que sou uma coleccionadora abusiva de fotos (tenho mais de 2000), de receitas (sem exagero tenho prai umas 400...), de devaneios (muitos, não sei quantos) e de excertos/saídas de textos para pôr no meu relatório de estágio (muitos também)... Já para não falar de documentos em PDF para me ensinarem a escrever de novo depois de andar à 19 anos na "escola"...

Hoje esteve um dia particularmente bom para as arrumações no quarto. Choveu a potes quase todo o dia, a minha caminhada ficou adiada para quando o tempo melhorar, o carro que precisava de ser lavado... Acabou por ficar lavado, mas com a água da chuva, queria ver se descobria (agora passados sete meses) o caminho para Carcavelos, até como forma de ver se a porcaria do GPS (que vou precisar dele no Domingo para, pelo menos, sair de Lisboa) ainda funciona ou pifou de vez... Enfim, o bem precioso que tanto precisamos, veio finalmente e como tal, pela primeira vez em anos, não fiquei chateada com um dia de chuva.

As arrumações ao quarto serviram para me ensinarem uma coisa: mesmo que não ande com muitas coisas às costas, porque não ando mesmo, quando me mudo para algum lado, só devo trazer o exclusivamente necessário, tudo o que "possa vir" a precisar, não é certo que precise, depois ando a acarretar com coisas desnecessárias... No meu caso, foram livros, trouxe bastantes livros para estar ocupada nos meus tempos livres, afinal acabei por ler metade de um que por acaso até foi oferecido no Natal, aqui em Lisboa...

E por falar em regressos a casa, eu sei que não gosto de Viseu, Viseu sempre me irritou... Viseu, para mim é um buraco cuja evolução se encontra a anos-luz... As pessoas têm a mente fechada e nada fazem para saírem da pescadinha-de-rabo-na-boca em que transformaram as suas próprias vidas... Mas confesso que já estou a precisar de voltar a Viseu, nunca mais é Domingo! Preciso de voltar ao meu Fontelo... Preciso de ir passear à Cava de Viriato, quero sentar-me nos jardins do Forum, quero ir ao Parque Aquilino Ribeiro e passear naquelas ruas desinteressantes, mas que são a minha casa, que me conhecem tal como eu as conheço a elas, preciso dos meus amigos que lá deixei, como de pão para a boca... Preciso de respirar Viseu durante algum tempo, até tomar balanço e partir para outro destino (se chegar a partir para algum lado vá!!)...

Esta arte de não fazer nenhum, também nos ajuda a parar para pensar. Pensar no next step, tomar balanço para a próxima actividade que vamos fazer e como a vamos fazer... é o tempo, que apesar de secante, é o mesmo tempo de excelência, para fazermos um exame de consciência sobre aquilo que foi feito e que se pode repetir e aquilo que foi feito, não deveria ser feito, e deve ser atirado para o arquivo morto!