terça-feira, 18 de março de 2014

Das 9 às 5 (17)... No máximo às 6 (18)!

Temo e penso para com os meus botões que alguém me andou a mudar os horários sem me dar um aviso prévio. Até há bem pouco tempo o meu horário de funcionamento era ali a partir das 17 horas e estendia-se até à 01 da manhã, mesmo que já estivesse a cair da tripeça com o sono a latejar-me em todos os cantos do cérebro...
Alerta, alerta!! É que há coisa de uns dias que isto mudou... Agora começa-se a ser-se gente logo às 9 da matina, até às 17 horas... Cá para mim, agora sou "funcionária pública" e não dei conta. Não gosto muito que me mudem o horário de funcionamento sem um aviso prévio, é que com o hábito, já não sei "acordar cedo" para abrir o expediente logo às 9! Vejam lá isso se fazem o favor!
Este é o verdadeiro desfiladeiro de imbecilidade, que um imbecil (não é por acaso que é uma imbecilidade) vive em prole de um outro imbecil, que ao contrário do primeiro, sofre daquela doença grave que eu também gostava de padecer que é a esperteza. Ser-se inteligente e ser-se esperto não são a mesma coisa, a primeira é o resultado do uso do cérebro, a segunda é o resultado do uso de uma certa maldade. 
Quando se muda o horário de funcionamento de uma pessoa, assim sem mais nem menos, só podemos chegar a duas conclusões, ou quem muda de horário já mudou de plano em relação a nós, ou então é doido varrido, quando se juntam os dois motivos, temos uma espécie de guerra civil armada.
Não é fácil lidar com a alteração de horários, uma pessoa vive numa espécie de expectativa (que vá, é estéril, mas como sou parva, ainda acredito que daqui saia alguma coisa). Quando nos dão a volta ficamos ali a rodar em espiral, atordoados, sem saber muito bem o que fazer da vidinha. É quase como um "agora vais deixar de ser padeiro para seres ardina", opá , alguém que explique ao gajo que mudou o horário, que existe uma coisa que qualquer ser humano normal tem, que é o choque ao fuso horário, dêem tempo à alminha penada para se habituar a ficar acordada de dia, em vez de ficar a fazer ricochete durante a noite...
Neste esquema de troca de horários o que se trata é uma demonstração de amizade, um "estou aqui do teu lado para o que der e vier", só que neste caso em especifico, para além do outro lado fazer aquilo que lhe dá na real gana, porque está em convalescença e isso é motivo para ter um excesso de mimo (reconheço-o e bem), sei que quando se virar o bico ao prego, que é como quem diz, quando for a minha vez de ter alguém do meu lado, com paciência para aturar a minha ansiedade e frustração por estar com um joelho empenado, sem poder defender-me sozinha, quem estou a ajudar agora, vai simplesmente desaparecer, não vai ter paciência para o meu desespero e vai afastar-se. E digo isto porquê?! Porque já me fez antes, quando andei com um colar cervical à volta do pescoço. Não teve paciência para mim e simplesmente desandou durante uns tempos, quando voltei ao meu estado normal, também voltou, alegre como se nada tivesse passado.
Lá vem a velha história: e que tal manda-lo ir dar uma curva?! Não consigo... Gosto demasiado dele para o despachar e quando sei que ele está a passar por um mau momento, ou um momento menos bom, como agora, não sou capaz de lhe virar as costas. Isto tudo, apesar de ele já me ter atirado à cara que só penso em mim... Enfim. Vou continuar a ter a maior das paciências que me são possíveis e ser o mais forte que posso, ele não está bem e a minha função, como amiga que sou, é de o ajudar, mesmo que por momentos me vá abaixo com os disparates dele. Preocupo-me demasiado, não consigo ficar indiferente, quero que ele melhore depressa e bem.
O que mais me desanima é que eu sei que quando ele está sozinho, lembra-se e vem ter comigo, conta comigo, pede-me que cuide dele, é carinhoso e percebe que eu estou ali para o ajudar. O problema é que eu sei que quando ele está acompanhado, eu passo automaticamente para segundo, ou terceiro, ou quarto plano, se não passar logo, num voo picado, para um décimo sétimo plano abaixo de zero. Se ele precisa de mim, deveria precisar a "tempo inteiro" ou estarei enganada?! Ou eu só sirvo para ocupar um lugar vazio, tipo os desempregados que assinam contratos para ocuparem a vaga de uma grávida? Não sinto que haja justiça nesta merda. Mas ele é que sabe, eu vou continuar a ser amiga e prestável como o tenho sido, dentro das minhas possibilidades, até agora.
O que eu realmente gostava, era que este espírito de amizade e camaradagem se mantivesse, também, para o meu lado. Não é justo eu dar o melhor que posso e tenho e depois nem um carinho receber de volta. Eu, tal como ele, também vou precisar, mas como já o disse, tenho quase a certeza que não vou poder contar com a presença dele. Ou, quem sabe, até possa ser surpreendida e ter mais do que aquilo que peço... Nunca se sabe o que realmente vai na cabeça e no coração dos outros.
A amizade é uma troca de sentimentos. Numa amizade a sério, protege-se, acarinha-se, presta-se auxilio nos momentos menos bons. Não se está ali apenas para dar palmadinhas nas costas e beber uns copos. A amizade deve ser levada a sério entre os amigos, estes devem ser os pilares uns dos outros, pois quando não nos resta mais ninguém, apenas temos os nosso amigos. 
A noção de amizade tem vindo a deteriorar-se com o passar dos anos e das gerações. No tempo dos meus pais, que nasceram nos anos 50, as amizades eram puras e não é por acaso que quando, nos dias que correm, se encontram falam-se e respeitam-se como há 30/40 anos atrás. Estou a lembrar-me que os meus pais emigraram para a Austrália em 1984 e ainda hoje preservam as amizades que lá fizeram, isto de tal maneira, que quando a malta do outro hemisfério vem até ao nosso, eles ficam em minha casa a confraternizar durante dias e fazem questão de verem os meus pais. Na minha geração já não há nada disso... As amizades agora fazem-se nos tascos e no Facebook, a duração pode ir dos 6 meses até aos 3/4 anos, mas não passam disso, são fúteis e ainda por cima, mantidas à distância.
Mas, voltando à questão da troca de horários, até quando é que uma pessoa aguenta outra que apenas se lembra dela quando lhe dá na telha? Não teremos nós uma vida própria para a qual temos de olhar e gerir, não teremos nós, porventura, o nosso trabalho para fazer e a nossa vida familiar, também, para cuidar? É que quando sou eu que lhe troco os horários, o menino não gosta e fica aborrecido e recebe-me com duas pedras em cada mão! Sua excelência não gosta nada da mudança de horários. No entanto, quando é ele que os muda, quem sofre a mudança, tem de se contentar com o que tem, com o que lhe fizeram e, embora, fique virado de pernas para o ar, tem de mostrar compaixão, paciência e outras coisas, só porque "estamos todos a passar um mau momento". Bem... A ver vamos se não se alteram mais os horários até ao fim do mês, ou se pelo menos se volta à normalidade.
Venham as costas largas, que o resto vem por acréscimo, é das 9 às 5 (17)? Então 'bora lá a isso! 

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